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Diretor: Paulo Menano

ESTADO PURO OU PURO ESTADO – Futebol Português


Os últimos tempos têm sido momentos de alerta e têm sido sintomáticos de problemas de diversa ordem. Não é de agora, porventura, a maior sensibilidade da comunidade para determinados assuntos tem tornado os problemas mais visíveis, as situações mais reais e os acontecimentos mais graves.

Nos últimos tempos temos visto, desde as competições profissionais até aos últimos escalões dos distritais, vários problemas de falta de formação, de violência, físicas e verbais, e, até, racismo e xenofobia. Os problemas quando acontecem na 1.ª Liga tornam-se casos, e verdadeiros, desígnios nacionais, mas isto apenas tende a esconder o que, semana após semana, invariavelmente, se repete nos mais vários escalões das competições nacionais e
distritais.

Não é um problema de agora. Não é um problema exclusivo da 1.ª Liga. Nunca o foi. Quando acontece na primeira divisão pode haver mais mediatismo, mas, porventura, raras vezes assume tanta gravidade, e singularidade, como o que acontece em todos os outros níveis competitivos.

A arbitragem não tem “escapado” a este conturbado contexto. Diretamente ligada ao futebol, partilha os problemas e as dificuldades do mesmo.

A relevância estará, sempre, nas soluções que encontrarmos, nos entendimentos que construímos, nos encontros que potenciarmos.

Não só hoje, como ontem e, definitivamente, amanhã. E, mais, isto nunca será tarefa de um só, nem desígnio de um iluminado ou milagre de um homem isolado. É importante que, todos, percebamos a relevância que cada um de nós
assume nas soluções que o desporto e o futebol precisam.

Apenas, e só, perante, e com, a união de todos se torna possível inverter o ciclo e potenciar, na paixão de todos, a magia que, dia após dia, nos arrasta para ver um jogo, acompanhar uma competição e celebrar cada ponto conquistado.

Temos de ser críticos, sempre; exigentes, a toda a hora, consequentes, a cada momento. Mas, muito, mais importante do que andarmos de dedo em riste a apontar erros e defeitos alheios é, essencial possibilitarmos, entre todos, o aparecimento de soluções para termos mais formação, melhores pessoas e cidadãos e um, desporto e futebol mais atrativos.

Só os apaixonados entenderão a magia de ver um estádio cheio. Independentemente dos clubes, e das cores, todos vibram com um estádio repleto de paixão. Voltando às soluções, recentemente, foi criada a Autoridade de Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD), que é a entidade que tem por missão cumprir as atribuições
de registo, fiscalização, controlo e de sanção, em articulação com as forças de segurança, em matéria de violência no desporto.

Foi um passo no caminho certo. É uma boa medida. Mas é preciso mais. É preciso mais medidas pedagógicas/preventivas na formação do adepto de amanhã. Teremos de ter punições mais severas para os infratores. Punições que, pelo exemplo, se tornem exemplo. Que ensinem, mas que, sobretudo, apontem caminhos e promovam o correto.

Que promovam os valores de cidadania, de igualdade, de justiça e fraternidade. É verdade que precisamos de ensinar. Mas não é menos verdade, nem de menor importância, que temos, enquanto sociedade de construir códigos e instrumentos que traduzam em consequências, os comportamentos de cada um.

Já dizia Newton que para cada ação há uma reação. Servindo-me desta analogia, eu digo que para cada comportamento tem de existir uma consequência. Destaco aqui algumas ideias que tenho sobre esta dinâmica formativa e punitiva:
• Envolvência dos pais dos jogadores nos jogos das camadas mais jovens na colaboração com
os árbitros sem qualquer decisão arbitral;
• Anúncios publicitários de fair-play;
• Policiamentos em todos os jogos;
• Adeptos “geradores” de violência/racismo, nos estádios, serem proibidos de entrar em
recintos desportivos e com obrigação de apresentações na PSP/GNR na hora do jogo do seu
clube;
• Revistas minuciosas e obrigatórias aos adeptos pela PSP/GNR ao Grupo Organizado de
Adeptos, vulgo, claque.
• Regras mais claras para organizações e clubes;
• Aumento dos Processos crimes e
 Processos disciplinares mais céleres, mais punitivos e com multas mais pesadas
• Perda de pontos.
Sou e sempre serei contra o racismo, contra a agressão física, contra as injúrias/difamação a qualquer agente desportivo. Não só porque todos constituem crime, mas porque representam o oposto dos valores promovidos pelo desporto e são a verdadeira faceta da desumanização.
No Distrito da Guarda, felizmente, vivemos tempos calmos. E isto não representa uma vitória individual, mas deve-se a todos e cada um dos agentes desportivos. Encarna o que, de melhor, cada um leva de si mesmo leva e às tarefas que desempenha; deve-se à grande compreensão existente entre os árbitros, atletas, treinadores, técnicos, dirigentes e adeptos.
Não é uma vitória em si mesmo. Não atingimos a meta. Ainda estamos no caminho, mas na direção certa.

Merece relevo a aceitação, de todos, a grande mudança que sucedeu nos últimos 6/7 anos com a entrada de muitos árbitros, sendo eles muito jovens, o que constituiu uma renovação de cerca de 70% os quadros associativos.
A mensagem, o desígnio e os esforços, de todos e cada um de nós, só poderá passar por reforçar o que estamos já a fazer. E não será menos verdade dizer-se que isso se deve às pequenas vitórias que, dia após dia, todos e cada um dos amantes do desporto possibilitam.
Vamos todos colaborar e melhorar o que nos une, o FUTEBOL.

Autor: Luís Brás

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