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Águas termais do Centro de Portugal destacadas no tratamento de acne e outras doenças de pele


As águas minerais da região Centro apresentam um elevado potencial de eficácia para o tratamento do acne e de outras doenças da pele, de acordo com os resultados de um estudo conduzido em 16 estâncias termais integrantes da rede Termas Centro.

O estudo, que sugere a aplicação destas águas minerais em cosméticos e dispositivos médicos, foi publicado na revista científica “Environmental Geochemistry and Health”, órgão oficial da Sociedade Internacional de Geoquímica e Saúde Ambiental.

As águas minerais naturais portuguesas têm sido cada vez mais procuradas para alívio de problemas de pele, com resultados positivos para quem a elas recorre. No entanto, as indicações terapêuticas das águas minerais portuguesas têm incidido preferencialmente nos sistemas respiratório, reumático e musculoesquelético, existindo, até agora, poucas evidências científicas da eficácia destas águas nos problemas dermatológicos – uma lacuna a que este estudo veio responder.

Os investigadores analisaram os efeitos do contacto entre as águas minerais naturais das termas da região Centro e seis estirpes de bactérias e fungos que colonizam a pele humana. Os resultados obtidos demonstraram que os diferentes microrganismos apresentaram comportamentos distintos quando expostos às águas minerais naturais, e que os mesmos microrganismos reagiram também de forma diferente perante águas minerais de estâncias termais diferentes.

O caso mais evidente de eficácia das águas minerais da região Centro aconteceu perante a bactéria Cutibacterium acnes, a qual, como o nome indicia, está associada a grande parte dos casos de acne. As águas minerais da região Centro analisadas fizeram diminuir o crescimento desta bactéria, com especial eficácia das águas sulfúreas/bicarbonatadas/sódicas, em que o crescimento diminuiu entre 20% e 65%.

Mas houve outros resultados significativos. A bactéria Staphylococcus epidermidis, por exemplo, registou uma diminuição de 10 a 35% em quase todas as águas de base sulfúrea e/ou sódica estudadas. Em relação à bactéria patogénica Escherichia coli, muitas das águas minerais analisadas também fizeram diminuir o crescimento bacteriano, enquanto o crescimento do fungo Candida albicans, responsável pela infeção candidíase, sofreu diminuição em cinco das águas minerais analisadas.

Para a Dra. Ana Palmeira-de-Oliveira, coordenadora da investigação na Universidade da Beira Interior, este estudo confirma o potencial que já se reconhecia às águas minerais naturais da região Centro: “As águas minerais naturais são procuradas para o tratamento ou suporte de doenças do foro dermatológico, como dermatites ou psoríase, entre outras. Em Portugal, a informação científica de suporte à sua aplicação clínica em doenças do foro dermatológico é escassa, quando comparada com outros países. Este estudo apresentou-se assim como uma proposta pioneira a nível nacional para investigar a bioatividade das águas minerais naturais portuguesas, validando a sua ação preventiva e/ou terapêutica”.

Da mesma forma, o estudo abre a porta a possíveis aplicações destas águas: “Este projeto permitiu-nos avaliar in vitro a bioatividade das diferentes águas termais da região Centro, agrupadas por perfis químicos semelhantes. Com esta informação, as estâncias termais poderão posteriormente desenvolver novos produtos, como cosméticos ou dispositivos médicos, detentores de elevado valor acrescentado”, explica a mesma investigadora.

Adriano Barreto Ramos, coordenador da rede Termas Centro, sublinha a importância para as estâncias termais de se desenvolverem investigações científicas que estudem as propriedades terapêuticas das águas minerais da região. “Estudos científicos como este, que teve honras de publicação numa revista de referência internacional, são fundamentais no caminho da consolidação das estâncias termais como centros preferenciais para quem procura tratamentos de saúde personalizados. A rede Termas Centro congrega estâncias termais capacitadas para responder às mais variadas terapêuticas, cujas águas, como se conclui deste estudo, poderão ser a base de novos produtos e tratamentos”, destaca.

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