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Diretor: Paulo Menano

O maior mercado de Queijo do mundo


 

O queijo da serra da estrela está hoje presente na mesa de todos os portugueses. É recorrente que nas viagens pelo nosso ilustre país, o vejamos como acompanhamento nos mais diversos pratos, e escrito em todas as ementas de norte a sul.

No entanto como os pastéis de nata sabem melhor em belém. Também o nosso queijo aqui, e para nós tem mais sabor.

Aqui, porque foi na nossa terra, na zona de Fornos de Algodres que tudo começou. Com os nossos quase vizinhos romanos que tanto por onde herdar nos deixaram, e que desde os tempos da Lusitânia apreciavam o agora nosso, outrora deles, queijo da serra.

Eles que criaram os primeiros rebanhos de ovelhas e cabras, e que agricultaram os nossos vales. Foram até mesmo encontrados e datados, vestígios de leite fermentado em vasilhas de barro, nas nossas antas, principalmente na Anta das Corgas da Matança, que provam sem dúvida nenhuma que os nossos antepassados do neolítico, já faziam e consumiam queijo, ou algo idêntico ao nosso queijo atual.

Diz-se por aí que a queijaria tem muitos segredos, segredos que como já tão bem dizíamos no ano 1985, se terão de procurar porventura nos “…pastos da região de granito, no cardo e na sua mistura com o leite. Na paciência e na arte…” (Noticias de Fornos de Algodres, 1985) de quem tão bem faz esta iguaria, fazendo dela “bandeira” do nosso Município de Fornos de Algodres.

Embora claro, já tenha ido além-fronteiras, a sua caminhada começou depois da construção da linha de caminho-de-ferro da Beira Alta, que proporcionou um transporte mais rápido e potenciou a produção e comercialização do nosso queijo. Ganhando assim lugar de destaque nas feiras regionais, e passando a ser “o rei do comércio”.

 

Este rei a quem batizaram e deram o nome de “Serra da Estrela”, sendo ele oriundo do vale do Alto Mondego. Assim como as suas ancestrais feiras que tão bem já o enalteciam se realizavam nos concelhos de Fornos de Algodres, Celorico da Beira.

E era aqui, em Fornos de Algodres que já no seculo XIX, o nosso queijo era reconhecido como o melhor, e onde os nossos vizinhos de Penalva do Castelo, Aguiar da Beira, Mangualde Trancoso e até Celorico da Beira se deslocavam para a venda do queijo, pois sempre conseguiam um melhor preço.

O queijo e na sua origem a pastorícia eram as principais fontes de rendimento da região e um fator económico de grande importância.

Foi nos meados dos anos 30, que mais uma vez Fornos de Algodres foi pioneiro na mercantilização dos seus produtos, criando um mercado quinzenal que viria a ser o mais concorrido em termos de procura de queijo. Esta prática estendeu-se a outros concelhos. E a partir de 1979 repercutiu-se então em aclamados concursos de queijo, e claro na nossa Feira do Queijo, realizada em Fornos desde 1979, e à beira de completar 41 anos, deixa inevitavelmente percetível a importância que tem para o nosso concelho e para este produto de ouro da nossa terra.

E foi sobre tudo isto que o antigo presidente Francisco Paulo Menano se referiu em 1985 afirmando ser o de Fornos o “maior mercado de queijo do mundo”.

Hoje o queijo serra da estrela é a sétima maravilha gastronómica nacional, e o tempo que dedicamos à sua história e degustação é certamente menos do que deveríamos.

Por cá, temos as nossas queijarias que nos relembram ao longo do ano da qualidade dos nossos produtos. E uma vez por ano, normalmente lá quase a entrar na Primavera temos a nossa Feira, que mostra aos que por ca passam, que não há queijo como o nosso, e relembra aos que por cá vivem que possuímos uma história sem igual e que temos que valorizar os produtos da nossa região como o azeite, os enchidos, o mel, os doces regionais, os produtos com urtiga e claro o nosso queijo.

Gostemos nós dele tanto quanto Gil Vicente gostava. Diz a história popular que terá nascido em Guimarães de Tavares.

 

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